Reflexão sobre o semestre

 

 

Numa retrospectiva de todo o trabalho que desenvolvi ao longo do semestre, devo reconhecer o quão importante foi a realização deste Portfólio, na minha formação enquanto futura professora. A sua mais valia reside no facto de me ter facultado um leque alargado de experiencias e desafios, que contribuíram positivamente e de forma verificável para o desenvolvimento das minhas competências pedagógicas.

Este semestre foi muito importante para a minha aprendizagem, cheio de novidades (arte, teatro), ludicidade, dinamismo, e cooperação, onde desenvolvi muita pesquisa, trabalhos em grupo e individuais, entre outros.

A disciplina de Psicologia da Educação iniciou com a proposta da elaboração de um teatro colectivo, onde a cooperação do grupo deveria estar evidenciada para que todos os elementos pudessem dar a sua opinião e participar.

“O processo de escrever juntos é muito complexo e exige, dos co-autores, um constante ir e vir. É preciso que os participantes deste processo cooperativo se coloquem ora como autores, ora como leitores da obra dos demais”.

Esta foi uma actividade exigente onde foi necessário dar asas à nossa criatividade e cooperação, para introduzir as nossas ideias, e dar continuidade às dos colegas, de forma a encontrar sempre uma sintonia. O resultado foi muito positivo, aprendemos que podemos utilizar o teatro aliado à educação, fornecendo assim aos educandos um conhecimento diversificado e lúdico. Deste modo, estabelecemos um clima de liberdade, libertamos as nossas potencialidades, expressamos os nossos sentimentos, emoções, aflições e sensações, pois é um meio de expressão para o aluno. Quando o educando interpreta uma personagem ou dramatiza uma situação, revela uma parte de si mesmo, mostrando como sente, pensa e vê o mundo. Nunca tinha utilizado o teatro numa prática educativa, mas a partir desta disciplina consegui perceber a importância da expressão para o aluno.

Muitas das aulas de Psicologia iniciavam de forma dinâmica e bastante interessante. O professor optava por introduzir exemplos de exercícios para podermos trabalhar com os nossos alunos, enquanto futuros professores de Educação Física, com o objectivo de colmatar algumas dificuldades de relacionamento que possam surgir.

Este tipo de exercícios tornam-se extremamente importantes porque a timidez é uma característica que todos nós possuímos e que se pode revelar nas nossas acções e atitudes, dependendo das circunstâncias, dos ambientes, das situações e das nossas experiências de vida. Muitas vezes, quando esta característica é vivenciada com desconforto ou nos atrapalha e causa sofrimento, pode tornar-se um grande problema e, dependendo da intensidade, até uma “doença” que pode afastar-nos do convívio social.

Nas nossas escolas seremos confrontados com uma multiculturalidade de indivíduos, e certamente iremos lidar com uns mais tímidos do que outros. Um indivíduo tímido protege-se e resguarda-se da sua relação com o mundo externo, no sentido de evitar sentimentos e emoções desconfortáveis, privando-se assim, de vivenciar relações mais íntegras, plenas e harmónicas com o mundo que o rodeia.

As aulas de Educação Física serão um excelente espaço para que os alunos através de exercícios práticos, dinâmicos, individuais e colectivos, possam libertar-se, desinibir-se e mesmo auto-conhecerem-se. Esta é uma das formas de melhorar a comunicação e relacionamento entre os colegas.

Assim sendo, não se trata de ensinar técnicas, fórmulas, métodos ou teorias, mas principalmente formas de:

* Minimizar resistências e/ou bloqueios que dificultam o contacto e a comunicação plena com o outro;

* Trabalhar dúvidas, ansiedades e inibições que dificultam a expressividade, o relacionamento e a comunicação;

* Desenvolver e aprimorar a capacidade de expor ideias com desembaraço.

Nem todas as aulas decorreram nas melhores condições, devido ao espaço onde eram leccionadas, que dificultava a compreensão de alguns colegas, pois é difícil projectar a voz no auditório, especialmente quando existe algum barulho de fundo.

Um outro aspecto muito importante de ser salientado é o facto dos grupos de trabalho serem tão extensos, o que tornava difícil a coordenação, colaboração, interacção e consenso entre todos. No entanto, estes são alguns aspectos que devemos trabalhar em conjunto, para minimizar as dificuldades e possibilitar um melhor funcionamento do grupo e das próprias aulas.

O trabalho em grupo deve ser visto como uma excelente oportunidade de construir colectivamente o conhecimento. Por meio dessa prática, o aluno relaciona-se de modo diferente com o saber. É um momento de troca, em que nos deparamos com diferentes percepções.

Já no século passado, pensadores como Piaget, Vigotsky e Paulo Freire valorizavam o trabalho em grupo como estratégia importante para o aprendizado e mostraram que a aprendizagem depende de uma acção de mão dupla, e que essa interacção não se resolve pela mera passividade. Ao trabalharmos em equipa, exercitamos uma série de habilidades. Neste tipo de tarefa, treinamos a capacidade de ouvir e respeitar opiniões diferentes, desenvolvemos o nosso poder argumentativo e dividimos funções. A preparação para a vida depende do saber comunicar, ouvir, respeitar e isso só se aprende fazendo. Deste modo, será possível o desenvolvimento da autonomia.

Para ser proveitoso, o trabalho em equipa exige estratégias adequadas e um planeamento. Devemos saber qual é o objectivo do nosso trabalho e, em função disso, orientar o nosso grupo.

Esta disciplina ajudou-me a desenvolver instrumentos de intervenção para o processo de ensino-aprendizagem, dotou-me de capacidade para identificar problemas, reflectir acerca deles e procurar soluções através do seu recurso à investigação, as quais, acredito que me permitirão dar resposta a desafios profissionais futuros.

Partindo da noção de que não existem fórmulas para alcançar o sucesso profissional, é com orgulho e responsabilidade que irei assumir a minha nova condição de professora.

Neste sentido, será importante fazer o melhor que souber para poder intervir na formação integral dos meus alunos e garantir o seu sucesso escolar. É imprescindível ter consciência de que o caminho que irei percorrer será um trilho onde poderei tropeçar em algumas pedras. Contudo, com muita calma, paciência, tolerância e coragem, será possível levar o navio a bom porto. Serão muitos os obstáculos, pressões e incompreensões que enfrentarei. Porém, será importante aceitar as derrotas com optimismo, aprender com elas e, procurar a minha realização profissional tendo sempre presente o lema “A glória não é nunca cairmos, mas levantarmo-nos sempre que caímos…”.

Encontramo-nos num processo de aprendizagem, tornando-se preponderante reconhecer que precisamos de desenvolver a nossa prática docente, através de acções que nos permitam reflectir na, para e sobre a práxis educativa perspectivando a melhoria do ensino. Embora o futuro da nossa profissão não seja risonho, não devemos deixar que qualquer problema, por insolúvel que pareça, nos desencoraje e desmotive.

Concluindo, acredito que nesta disciplina tivemos bastantes oportunidades de utilizar a teoria com a prática recorrendo à interdisciplinaridade, resultando num balanço muito positivo.